dada a proliferação de bares e cafés que a zona tem, a minha rua aos sábados ganha uma vida que não tem aos dias de semana, mas não são só outsiders que frequentam o quarteirão, tambem os meus vizinhos trocam o café nocturno semanal por periodos mais prolongados de confraternização no café - aquele café que todas as ruas têm e que as pessoas acabam por substituir o nome do local pelo nome de quem serve; "vou ao zé", "vamos beber um fino ao carlos". enquanto os homens se sentam a beber finos e a falar de futebol e de carros e as mulheres a falar do mesmo ou da difícil semana que acabou, uma outra geração emerge, cheia de esplendor e ruidosas pastilhas elásticas na boca: as matiné girls.
entre os 11 e os 14 anos de idade, a tarde de sábado é por excelência das matiné girls: com roupa nova justa, do azul ganga ao cor de rosa ou ao verde flourescente, ganchos e outra parafernália a condizer, as matiné girls dão outra luminosidade à rua. vestidas para matar e com uma agitação decidida de quem tem muito para fazer, juntam-se à porta do meu prédio, distantes dos pais no café, que só visitam para pedir mais uma pastilha ou dizer que se vão afastar: " vou com a anita até ao largo da igreja", " vamos passear lá em baixo", pequenos passeio sempre, estão de volta em 25 minutos. depois vão a casa de uma, depois a casa da outra, sempre a passar na rua, daqui para ali, dali para aqui, sempre só raparigas. não sei se as matiné girls já dançam slows, não sei se frequentam garagens com hi-fi, nem sei se já fumam cigarros às escondidadas, mas já transportam consigo o desejo da noite, dos bares, das discotecas e das festas house de que devem guardar os inumeros flyers que são colocados nos carros da minha rua. se calhar já ouvem deep dish e live sets do franckie knuclkes.
um grande yeah! para o swing das matiné girls.
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